Sobre mim

"Sou Bacharel em Ciências Moleculares, e Doutorando em Física. Jogador inveterado de RPG e video-game. Terceiro-mestre na arte de pentelhar, e build full int/cha."


-----terça-feira, janeiro 28, 2003 | 0


***Annie's Song
(John Denver)

You fill up my senses
Like a night in a forest
Like the mountains in springtime
Like a walk in the rain
Like a storm in the desert
Like a sleepy blue ocean
You fill up my senses
Come fill me again

Come let me love you
Let me give my life to you
Let me drown in your laughter
Let me die in your arms
Let me lay down beside you
Let me always be with you
Come let me love you
Come love me again

You fill up my senses
Like a night in a forest
Like the mountains in springtime
Like a walk in the rain
Like a storm in the desert
Like a sleepy blue ocean
You fill up my senses
Come fill me again

-----terça-feira, janeiro 28, 2003 | 0


**Mensagem de amor
(Paralamas)

Os livros na estante já não têm mais tanta importância
Do muito que eu li, do pouco que eu sei
Nada me resta

A não ser a vontade de te encontrar
O motivo eu já nem sei
Nem que seja só para estar ao seu lado
Só pra ler no seu rosto
Uma mensagem de amor

A noite eu me deito,
Então escuto a mensagem no ar
Tambores rufando
Eu já não tenho nada pra te dar

A não ser a vontade de te encontrar
O motivo eu já nem sei
Nem que seja só para estar ao seu lado
Só pra ler no seu rosto
Uma mensagem de amor

No céu estrelado eu me perco
Com os pés na terra
Vagando entre os astros
Nada me move nem me faz parar


A não ser a vontade de te encontrar
O motivo eu já nem sei
Nem que seja só para estar ao seu lado
Só pra ler no seu rosto
Uma mensagem de amor

-----segunda-feira, janeiro 27, 2003 | 0


**Tendo a Lua
(Os paralamas do sucesso)

Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias
Gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim

O céu de Ícaro tem mais poesia
que o de Galileu

E lendo os teus bilhetes
Eu penso no que fiz
Querendo ver o mais distante
Sem saber voar
Desprezando as asas
Que voce me deu

Tendo a Lua
Aquela gravidade
Onde o homem flutua
Merecia a visita
Não de militares
Mas de bailarinos
E de você e eu

Eu hoje joguei tanta coisa fora
E lendo os teus bilhetes
Eu penso no que fiz
Cartas e fotografias
Gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim

-----segunda-feira, janeiro 27, 2003 | 0


PANIS ET CIRCENCIS
Letra de Caetano Veloso
Música de Gilberto Gil
1968

Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e em morrer

Mandei fazer
De puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e em morrer

Mandei plantar
Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar
Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas da sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e em morrer

-----domingo, janeiro 26, 2003 | 0


Há metafísica bastante em não pensar em nada.
(O guardador de rebanhos - Alberto Caeiro - Fernando Pessoa)

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

-----sábado, janeiro 25, 2003 | 0


Duas descobertas curiosas:

1º - Abro o dicionário, procurando nem me lembro o que, e qual a primeira palavra que vejo? Gamo. Hum, leio a descrição (animal semelhante ao veado, com um rabo maior, sei lah mais o q...), olho um pouco mais, e vejo a palavra: Gamofobia. Significado? Medo ou aversão ao matrimônio.
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2º - Pego um livro de mitologia greco-romana e começo a dar uma olhada.... Leio sobre uma deusa, Diana entre os gregos. Deusa caçadora, representa a natureza, o equilíbrio, trazendo tanto o medo quanto o amor, causando mortes para o surgimento da vida (Muito semelhante à Deusa do Brumas....).
Andava pelas florestas, com seu arco e flecha, e era muito vingativa.

Irmã de Apolo, seu nome entre os gregos era Ártemis, e ela tinha a Lua crescente pintada na testa.
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Coincidências não existem....

-----sábado, janeiro 25, 2003 | 0


Para Viver um Grande Amor
(Vinicius de Moraes)

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção com o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado para chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, hé que compenetrar-se na verdade de que não existe amor sem fidelidade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut, além de ser fiel, ser bem conhecedor da arte culinária e do judô - para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta pontos a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, estrogonofes - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.

(Vinicius de Moraes)

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Pior ainda que não encontrar a bem-amada é, nessa selva de concreto, encontra-la para depois perde-la, devido aos seus próprios erros.

-----sexta-feira, janeiro 24, 2003 | 0


Há momentos em que sentimos
que nossas vidas estão em
preto-e-branco.
Não há nada de novo,
tudo está sempre na mesma monotonia.
Os dias se passam todos iguais.
Mas não há nenhum lápis-de-cor que resolva isto.

Algumas pessoas aceitam levar essa vida,
que possui só duas cores,
que é só existência e ausência.
Preto e Branco.
Nem procuram outras cores,
para quê, se com essas duas
já conseguem ter todas as imagens que querem??

Outras pessoas não.
Não aceitam esse tédio.
Não aceitam essa verdade.
E procuram formas de colorir sua verdade.
Dentre essas, há aqueles que, vista uma oportunidade,
seguem o rastro colorido com todas as forças,
inconsequentes de seus atos.

Eu sou uma delas.
Ví uma oportunidade de colorir minha vida,
um amor muda a tudo.
Mas fui louco, exagerei.
Na minha busca por cores,
realmente consegui uma.
O
vermelho.

Mas, ao contrário do que desejava,
não foi o amor que alcancei.
Apenas a dor consegui causar,
e com isso apenas o vermelho-sangue se incorporou à minha vida.

Estou conseguindo tirar essa cor,
mesmo que volte o preto-e-branco,
mas certas manchas (como as de sangue) nunca saem,
por mais que se lave.

Só espero não ter manchado muito
a vida de certa pessoa,
com a dor que causei.
Novamente peço perdão.

-----quinta-feira, janeiro 23, 2003 | 0


Me acusara, a um tempo,
de que esqueceria-te facilmente.

No entanto és tu quem me evita.

Disseras que não haviam mais cavalheiros,
e, por todas as minhas confianças e esforços,
tentei mostrar-te que sim, eles existem.

E são os que mais são rejeitados.
E são os que mais sofrem.
E são os que mais persistem.

Eu tento ser um deles.
Talvez já o seja,
pois já sofro, já sou rejeitado, já sou persistente.

Algumas vezes gostaria mesmo de não o ser,
e esquecer facilmente das coisas.
Não sofreria tanto.

Mas não, não esqueço.
E és tu, quem duvidou de minha existencia,
que agora me evitas.

Perdoa-me por ser o que sou.
Perdoa-me por fazer o que faço, por ter feito o que fiz.

Perdoa-me por tentar ser
aquele que todas dizem querer
mas que ninguém de verdade quer.

Esse não é meu tempo.
Essa não é minha época.
Essa não é minha vida.

-----quinta-feira, janeiro 23, 2003 | 0


X. MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

(Mensagem - Fernando Pessoa)
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Em tí também há o céu espelhado,
a Lua Crescente em seu pescoço.
Por tí também há dor.

-----quinta-feira, janeiro 23, 2003 | 0


Tenho pensado muito esses dias.
Pensado no meu futuro.
Pensado no meu passado.
Pensado no meu presente.

Nunca fiz nada importante.
Nada distinto.
Nada que mereça ser lembrado.
Algumas poucas idiotisses que gostaria de nem ter feito,
e mais nada.

Não sou ninguém.

Terei chance de ser alguem,
de fazer a diferença??
Estarei fazendo certo ao seguir um sonho, sem saber se terei as minimas condições para sobreviver?

Não sou como mais ninguém,
mas não sou especial para ninguém.


Não sei porque comecei a pensar em tudo isso.
Acho que foi por ter pensado, um tempo atrás, que finalmente as coisas tinham começado a dar certo.
Não, não deram certo.
Tudo está como antes, ou ainda pior.

Não, isso não é uma poesia.
Nada que escrevo o é.
São apenas palavras,
expressões do que no íntimo eu sinto.
Eu relamente estou com medo do que pode acontecer
e desapontado com o que aconteceu.

-----quinta-feira, janeiro 23, 2003 | 0


Sou uma sombra.
Discreto, vazio, ignorado.

Ninguém não gosta de uma sombra.
Ninguém gosta de uma sombra.

Alguns, em dias de Sol,
até chegam a me procurar,
por pouco tempo.
Mas logo volto ao esquecimento.

Meu lugar é sob as pessoas,
pisado, esquecido.

Passo, e ninguém percebe,
ou, como num eclipse
(que é a sombra da Lua)
percebem-me mas logo desapareço,
novamente ignorado.

Ninguém odeia uma sombra.
Ninguém ama uma sombra.

Sou a ausência,
a falta de tudo.

Quero apenas retornar ao céu noturno,
que é a grande sombra.
(nem desaparecer eu posso,
pois, se nada sou, já não apareço)

-----terça-feira, janeiro 21, 2003 | 0


Aqui está-se sossegado
(Fernando Pessoa)

Aqui está-se sossegado,
Longe do mundo e da vida,
Cheio de não ter passado,
Até o futuro se olvida.
Aqui está-se sossegado.

Tinha os gestos inocentes,
Seus olhos riam no fundo.
Mas invisíveis serpentes
Faziam-a ser do mundo.
Tinha os gestos inocentes.

Aqui tudo é paz e mar.
Que longe a vista se perde
Na solidão a tornar
Em sombra o azul que é verde!
Aqui tudo é paz e mar.

Sim, poderia ter sido...
Mas vontade nem razão
O mundo têm conduzido
A prazer ou conclusão.
Sim, poderia ter sido...

Agora não esqueço e sonho.
Fecho os olhos, oiço o mar
E de ouvi-lo bem, suponho
Que veio azul a esverdear.
Agora não esqueço e sonho.

Não foi propósito, não.
Os seus gestos inocentes
Tocavam no coração
Como invisíveis serpentes.
Não foi propósito, não.

Durmo, desperto e sozinho.
Que tem sido a minha vida?
Velas de inútil moinho —
Um movimento sem lida...
Durmo, desperto e sozinho.

Nada explica nem consola.
Tudo está certo depois.
Mas a dor que nos desola,
A mágoa de um não ser dois
Nada explica nem consola.

-----terça-feira, janeiro 21, 2003 | 0


Os dias
se arrastam
len-ta-men-te.

Tenho tempo de sobra
e, ainda assim,
nada faço.

Minhas leituras
permanecem interrompidas,
mesmo as que eu quero terminar.

Meu corpo
permanece cansado,
letárgico,
e para nada tenho forças.

Maldita preguiça que me toma,
ócio horrível das férias.

Como uma chata chuva
que, vagamente,
cai por todo o dia,
incomodamente,
sem forças para ser tempestade,
sinto a minha vida passar,
ininterruptamente,
desperdiçando-se,
vagamente,
sem forças para ser tempestade.

-----segunda-feira, janeiro 20, 2003 | 0


Era uma festa gloriosa.
A tempos não se reuniam,
de forma tão alegre,
elfos, anões, hobbits e humanos.
Iluminados pela luz da Lua e por tochas,
numa luz inconstante e sombria,
alegrada pela doce melodia élfica,
que as vezes dava lugar a uma animada canção hobbit,
assim era a festa,
tão especial e grandiosa
que até as águias (como essa que vos fala)
foram observa-la (até Manwe estava curioso).

Comida e bebida havia a vontade,
das mais diversas culturas e raças que alí estavam.
Mas, quando iniciaram-se as festividades,
aí todos entraram na brincadeira.
Criando gritos, pagando micos,
duelando com espadas ou perguntas,
utilizando corpo e mente,
todos se divertiam.

Mas, entre tantos humanos, anões,
hobbits, ents, aranha e dragões,
como não reparar na bela elfa de trajes vermelhos?
Ah, que beleza, liderando seu grupo, correndo pelos campos...
Como admirei seus olhos quando deitou-se próxima de mim,
maravilhosamente verdes, a me olhar.

Sim, eu sei, não precisa me lembrar.
Águias estão aqui para olhar pelos filhos de Eru,
e não para amá-los.
Uma donzela élfica não veria numa águia
mais que um pássaro gigante, animal.

Quando vai embora, gostoso abraço,
chegaria até a iludir-me:
-Sim, águia e elfa podem ficar juntos;
mas acaba simplesmente por fortalecer,
através das palavras ditas na despedida,
que meu lugar é nas alturas,
longe da vida,
apenas vigiando.

Bato asas e alço vôo,
a festa já está no fim.
Mas fico observando atentamente até a saída do ultimo ser.
Onde estaria aquela animação toda?
Quando tantas raças tornariam a se reunir?
Não sei, não havia mais músicas ou tochas,
apenas a luz do luar e as folhas pisadas,
galhos quebrados e restos no chão.
Não há mais o que se ver,
a alegria não está mais alí.
Volto para acsa,
com aqueles verdes olhos e o abraço em minha mente.
Os picos mais altos e frios me aguardam.
De onde tudo vejo e nada faço.

-----segunda-feira, janeiro 20, 2003 | 0


Para algumas perguntas,
não há resposta.
Para outras perguntas,
existem infinitas.
Para certas perguntas,
apenas duas: sim ou não.

E eu que achava que,
para o que eu estava a dizer,
só haveria sim ou não.
E respondeste-me com sim E não.

E é nesta simples troca de conjunção
que minha vida está, agora, baseada.

-----domingo, janeiro 19, 2003 | 0


Perdão.
Perdoa-me se te faço sofrer.
Não é isso que eu queria.

Já me disseste que não é isso,
que outro é o motivo de tua tristeza.

Talvez.
Acredito no que me dizes,
mas estar nessa situação sempre piora as coisas.
Perdoa-me.

Não poder alegrar-te,
ter perdido tua confiança,
é o que mais me entristece.

Podes me dizer que não,
mas alguma culpa tenho eu.

Desculpa-me.

-----domingo, janeiro 19, 2003 | 0


Um mês.
Um mês depois sento-me novamente
sob a luz da Lua cheia, em minha janela.

(olhe, um homem vem pela rua)

Idéias não me vêm!!

A lua é a mesma, pura e bela,
indiferente nas alturas.
Eu, porém, não sou mais a mesma pessoa.
Estava apaixonado, e agora, desiludido.

A lua era minha donzela
mas agora é a senhora de meus castigos,
lembrando-me dolorosamente da minha solidão.

Sozinho, olho-te no céu aberto e claro,
com algumas estrelas.
Só. Devo ser o único que olho-te, ainda,
como poetas olhavam no passado.
(não, ela também olha. não sou o único)
Sua luz, clara, que antes me era guia,
agora só me revela a palidez de minha não-vida.

Eu, eu queria tentar, queria mesmo.
Mas não sei se ainda consigo.
Não há como prosseguir ou retornar.
Não há como esquecer o que se passou,
agora que descobri não ser único.
Não irei esquece-la nunca.

Não há retorno,
mas também não há caminho.
Todas as portas foram fechadas
e, comigo, só sobrou o único direito
que todos tem, ir para onde todos vão.

Um dia....

Ah, essa janela, essa visão me mostra tanto...
as montanhas, nebulosas, ao fundo,
o movimento de carros na rua,
(que fazem tão tarde ??)
as árvores no jardim,
o céu, claro como a morte.

-----quinta-feira, janeiro 16, 2003 | 0


Em um certo planeta, quem olhasse para o alto veria um gigantesco cinturão de pedras.
Que coisa horrível !! diriam, esse cinturão só atrapalha nossa visão do espaço!!
Outros, mais práticos, diriam que esses rochedos todos poderiam, a qualquer momento, atingir um dos satélites, mandando milhões para o ralo. E para mandar naves espaciais?? Essas pedras atrapalhariam muito!!
A maioria, porém, simplesmente acharia muito feio aquelas pedras sobre suas cabeças, as vezes ficando com medo que alguma delas caísse sobre alguém, se perguntando porque Deus fez tal maldade com eles.

Mas, com o tempo, todos aprenderiam a conviver com o cinturão, adaptando suas tecnologias à ele, mesmo que não possam mandar naves espaciais ou manter comunicação tão facilmente com outros lugares do espaço.

Ele estava lá muito antes que as pessoas tivessem surgido. Provável que tivesse surgido junto com o planeta. E nunca ele iria se desfazer.
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Esse planeta era Saturno ou algum outro, em outra galáxia, muito semelhante a ele.

Uma pena que a população de tal planeta não possa admirar o espetáculo e a beleza que seus anéis proporcionam, visíveis apenas a quem está a uma certa distância, e só considerem tal dádiva um problema para suas vidas.
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Existem pessoas que são exatamente como Saturno.

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-----segunda-feira, janeiro 13, 2003 | 0


Linda donzela,
não sou um cavaleiro de armadura reluzente,
espada em punho e cavalo treinado;
não sou um romântico Don Juan,
delicado ou devasso na exata hora;
não sou um príncipe encantado,
rico e belo de um reino distante;
não sou herói nenhum, que mesmo em suas grandezas
nem perto chegam de serem merecedores de ti,
de tua beleza, de tua mente, de teu espírito, de teu coração.

Como poderia eu ter esperanças, então?
Não sou ninguém especial,
um simples quase-físico, quase-poeta,
sem títulos, terras, ou nada para lhe dar,
nem mesmo minha existência, vida, corpo e coração,
pois estes já são teus a muito tempo,
e por eles não quero nada em troca
(não que tenham algum valor....).

Não, não poderia ter sido diferente.
Eu já devia saber que alguém tão especial
não estaria em meu destino.
Já foi além do que eu merecia
conhecer-te, ter-te como amiga,
e, isso, espero não perder....

Fui preciptado,
sonhei com o que não estava em meu alcance.

Errei, perdoe-me.

-----segunda-feira, janeiro 13, 2003 | 0


-------BIG BANG

Não me sais da mente por nenhum instante.
Penso em ti a todo momento,
inconscientemente repito teu nome,
tua voz é a única que ouço,
teu rosto é o único que vejo.

Todo o resto do mundo é só um zumbido,
mosquito chato tentando aparecer.

Meu mundo, minha vida é a tua pessoa.
Minha literatura são teus textos,
minha língua é a dos poetas.
Minha ciência, falha, procura explicar quem é,
de onde surgiu e para onde vai pessoa tão especial,
em vão,
pois milagres e anjos estão além da ciência.
Amar tal Deusa é minha religião,
observar tua face minha geografia,
escutar tua voz minha música.
Minha matemática, já quase sem números,
conta os segundos que passo longe de ti.

Foi apenas quando te conheci (explosão)
que meu universo surgiu.

E, ser humano, desde aquele momento
tento entender o que acontecera comigo.

Nasci.

-----segunda-feira, janeiro 13, 2003 | 0


"Deus não tem unidade,
Como a terei eu ?"
Fernando Pessoa


Sou contraditório em essência,
feliz na tristeza
e triste na alegria.
Sou romântico racional,
físico poeta.
Sou o que não sou,
o nada e o tudo.
Sou alguém e sou ninguém.
Sou e não Sou???

-----sábado, janeiro 11, 2003 | 0


Escrevi essa poesia ontem, só não achei que ela adquiriria um significado tão especial tão rápido...

Minha rosa branca,
flor delicada,
como me custa ver-te sofrer!
Todo o possível e o impossível faria eu
para acabar com tua dor.
Se estivesses com frio, traria-te o Sol.
Se estivesses cansada, carregaria-te por todo o planeta.
Daria-te minhas lágrimas, se tivesses sede.
Daria-te meu sangue, se tivesses fome.
Mas, se tivesses solidão (e sei que tens)
além de lágrimas e sangue
daria-te o recipiente inútil que os contém,
para que sozinha não mais ficasses.
E a minha vida? Que vida?
Sem tí, não existo,
é apenas dando-te minha vida (e vendo que vives feliz)
que mantenho-me vivo.

-----sexta-feira, janeiro 10, 2003 | 0


As palavras do Pessoa são maravilhosas... Quando não consigo escrever, refugio-me nos versos dele e encontro o poema que procuro...

Se mais alguém quiser ler Pessoa, entre em
Jornal de Poesia - Fernando Pessoa (Obra Completa)
e encante-se também com ele.... (eu pessoalmente prefiro os heterônimos Alberto Caeiro e Fernando Pessoa ele-mesmo)

-----sexta-feira, janeiro 10, 2003 | 0


Mais um do Pessoa
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Outros terão
Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
A inteira, negra e fria solidão
Está comigo.

A outros talvez
Há alguma coisa quente, igual, afim
No mundo real. Não chega nunca a vez
Para mim.

"Que importa?"
Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
Nem um casual mendigo à minha porta
Sentar-se veio.

"Quem tem de ser?"
Não sofre menos quem o reconhece.
Sofre quem finge desprezar sofrer
Pois não esquece.

Isto até quando?
Só tenho por consolação
Que os olhos se me vão acostumando
À escuridão.
(Fernando Pessoa)

-----sexta-feira, janeiro 10, 2003 | 0


Hum, tenho coisas pra falar mas não estou conseguindo escrever....
Vou postar aqui então poemas do Fernando Pessoa...
Eu adoro tudo o que ele escreve, mas esse poema é especialmente maravilhoso:
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O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente ...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

(Fernando Pessoa)

-----terça-feira, janeiro 07, 2003 | 0


Só me pergunto como pude escrever dois textos tão distintos um seguido do outro....

-----terça-feira, janeiro 07, 2003 | 0


A doença é terminal. Sinto isso. As pústulas se romperam, os hematomas doem, o sangramento não cessa.
Logo não mais sofrerei. E ninguém saberá de minha morte. Todos já se foram. "A doença é muito contagiosa", disseram. Hunf, agora que preciso, me abandonaram...
Sem forças, olho pela janela, deitado em minha cama. Pelo menos isso fizeram por mim, deixaram meu leito ao lado da janela. Observo as estrelas, que sempre me observaram, e penso ser como elas. Uma brilhando a menos no céu, quem nota?
Dores de cabeça, desmaios.
Não sei quantos dias, meses se passam, se durmo por uma noite ou uma semana.
Bem, a Lua está cheia. Pelo menos morrerei sob sua luz. Olho-a pela ultima vez, sua luz, pura, afasta de mim o medo. Só hesito por pensar não vê-la novamente. Mas me levanto, com esforço. Olho um espelho.

Não, não há marcas em minha pele. Minha saúde? Perfeita. Mas algo ainda dói, e as pessoas não voltam. Bem, agora voltarão, correndo. Não há como não ouvir o som do tiro.
Me encontrarão aqui, caído. A arma na mão.

Pelo menos nisso estarão certos. A doença (se é que existia) era fatal.

-----terça-feira, janeiro 07, 2003 | 0


Sonho com o dia em que minhas mãos tocarão
as tuas mãos, o teu rosto, o teu cabelo.
Nada mais que isso, tocar
tuas mãos, teu rosto, teus cabelos.

Tua alva tez, como deve ser delicada, suave,
clara e pura como a grande Lua.
Não quero nada mais que
segurar tuas mãos,
acariciar teu rosto,
afagar teus cabelos.

Imagino como dias seriam segundos
e minutos durariam horas,
tu, dormindo ao meu lado,
o som tranqüilo de tua respiração,
o vestido, branco, salpicado de folhas verdes
do belo gramado em que estamos.
Uma árvore nos dá abrigo e sombra,
um rio passa ao lado, num som límpido e brilhante, translucido,
teu rosto apoiado no meu colo,
uma flor repousa em teus cabelos, dourada,
enquanto eu os acaricio, suavemente, para não acordar-te,
admirando tua beleza.

Queria apenas isso:
tocar tuas mãos, teu rosto, teus cabelos,
e, feliz, permaneceria no mundo dos sonhos para sempre.

-----sábado, janeiro 04, 2003 | 0


Não me resta nada a fazer
se não sentar, chorar e escrever.
Das lágrimas faço tinta.
E palavras tiro da dor,
pois seja lá o que eu sinta,
enquanto sentimento for
ninguém se importa.
Só quando sob essa forma torta
de palavras, poema,
prestam atenção.
Não com preocupação, pena,
pois olham sem ler.
Vêem apenas as palavras,
não a emoção.
Têm, por mim, admiração por escrever.
Mas a atenção que realmente preciso
parecem não me entender.
Sem poder gritar-lhes
-Leiam com atenção!!
só me resta sentar,
chorar,
e escrever.

-----sábado, janeiro 04, 2003 | 0


Toco a música do mundo e isso me basta.
Minha flauta, feita por minhas próprias mãos, produz sons do vento, da paz, da natureza.
Sentado sob este grande carvalho, sinto as ranhuras de seu tronco, que me apóia, nas costas, e vejo-o segurando o céu com seus poderosos braços e verdes dedos ao olhar para cima.
O cheiro de grama recém-molhada purifica minha mente, e a lua, vista por uma abertura por entre os galhos, é minha única luz.
A flauta em meus lábios deixa-me sentir ainda o gosto da madeira, e minha melodia se mistura com trovões e o balanço das folhas.
Toco a música do mundo e isso me basta.
Uma rajada repentina de vento derruba algumas flores que girando, docemente, me fazem imaginar bailarinas e alegres meninas, rodopiando nas pontas dos pés, completando assim esse ato musical dos 5 sentidos.