-----terça-feira, janeiro 07, 2003 | 0
A doença é terminal. Sinto isso. As pústulas se romperam, os hematomas doem, o sangramento não cessa.
Logo não mais sofrerei. E ninguém saberá de minha morte. Todos já se foram. "A doença é muito contagiosa", disseram. Hunf, agora que preciso, me abandonaram...
Sem forças, olho pela janela, deitado em minha cama. Pelo menos isso fizeram por mim, deixaram meu leito ao lado da janela. Observo as estrelas, que sempre me observaram, e penso ser como elas. Uma brilhando a menos no céu, quem nota?
Dores de cabeça, desmaios.
Não sei quantos dias, meses se passam, se durmo por uma noite ou uma semana.
Bem, a Lua está cheia. Pelo menos morrerei sob sua luz. Olho-a pela ultima vez, sua luz, pura, afasta de mim o medo. Só hesito por pensar não vê-la novamente. Mas me levanto, com esforço. Olho um espelho.
Não, não há marcas em minha pele. Minha saúde? Perfeita. Mas algo ainda dói, e as pessoas não voltam. Bem, agora voltarão, correndo. Não há como não ouvir o som do tiro.
Me encontrarão aqui, caído. A arma na mão.
Pelo menos nisso estarão certos. A doença (se é que existia) era fatal.
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