Era uma festa gloriosa.
A tempos não se reuniam,
de forma tão alegre,
elfos, anões, hobbits e humanos.
Iluminados pela luz da Lua e por tochas,
numa luz inconstante e sombria,
alegrada pela doce melodia élfica,
que as vezes dava lugar a uma animada canção hobbit,
assim era a festa,
tão especial e grandiosa
que até as águias (como essa que vos fala)
foram observa-la (até Manwe estava curioso).
Comida e bebida havia a vontade,
das mais diversas culturas e raças que alí estavam.
Mas, quando iniciaram-se as festividades,
aí todos entraram na brincadeira.
Criando gritos, pagando micos,
duelando com espadas ou perguntas,
utilizando corpo e mente,
todos se divertiam.
Mas, entre tantos humanos, anões,
hobbits, ents, aranha e dragões,
como não reparar na bela elfa de trajes vermelhos?
Ah, que beleza, liderando seu grupo, correndo pelos campos...
Como admirei seus olhos quando deitou-se próxima de mim,
maravilhosamente verdes, a me olhar.
Sim, eu sei, não precisa me lembrar.
Águias estão aqui para olhar pelos filhos de Eru,
e não para amá-los.
Uma donzela élfica não veria numa águia
mais que um pássaro gigante, animal.
Quando vai embora, gostoso abraço,
chegaria até a iludir-me:
-Sim, águia e elfa podem ficar juntos;
mas acaba simplesmente por fortalecer,
através das palavras ditas na despedida,
que meu lugar é nas alturas,
longe da vida,
apenas vigiando.
Bato asas e alço vôo,
a festa já está no fim.
Mas fico observando atentamente até a saída do ultimo ser.
Onde estaria aquela animação toda?
Quando tantas raças tornariam a se reunir?
Não sei, não havia mais músicas ou tochas,
apenas a luz do luar e as folhas pisadas,
galhos quebrados e restos no chão.
Não há mais o que se ver,
a alegria não está mais alí.
Volto para acsa,
com aqueles verdes olhos e o abraço em minha mente.
Os picos mais altos e frios me aguardam.
De onde tudo vejo e nada faço.