Lobisomemsegunda-feira, janeiro 07, 2008 | 0
Não, esse post em especial não é sobre RPG. É uma história sobre "Homens e lobos" (também não tem nada a ver com o filme, eu nem ví esse filme na verdade) e o medo da noite.
Qualquer um que ler isso vai perceber que existem significados ocultos, mas na vontade de escrever usando um tema incomum (lobisomens) acabei me perdendo na escrita, e o que eu realmente queria transmitir acabou ficando extremamente bagunçado e aberto a interpretações erradas.
Então já aviso: Este é um texto mais ficcional que qualquer outra coisa, tome cuidado com a interpretação que der para ele. Meu medo de interpretações erradas é grande, minha vontade seria jogar o texto fora e não postar mais, mas já que escreví, e dei os avisos, aí vai.
Para uma criança, um lobo parece um ser muito mau. Histórias, desenhos, filmes, em quase toda a representação de um lobo ele é algo negativo.
Eu sou o lobo mau, lobo mau, lobo mau
Eu pego as criancinhas pra fazer mingau
E desde pequeno passei a considerar os lobos como inimigos, seres vís e cruéis, que deveriam ser desprezados. Tudo que fosse relacionado a lobo era tido como algo menor.
E foi assim que cresci.
Sempre fui ignorado pela noite, afinal, noite é hora de dormir para crianças. Criança quando passa da hora de dormir fica insuportável. Conhecia pessoas que ficavam acordados até tarde, tinha uma ligeira inveja delas no começo, mas depois pensei comigo mesmo, qual o problema em dormir cedo, e assim continuei.
Adolescente, sonhador, passei a contemplar mais a noite. E finalmente comecei a ficar acordado até tarde. Não sempre, só vez ou outra, mas comecei. E ví que era legal. Mas tudo bem, não era nada de mais.
Mas a vontade pela noite continuou crescendo. Cada noite dormida tarde era uma maravilha, mas breve, e absurdamente rara. Mas sonhava com as noites que passavam por mim enquanto eu dormia cedo. E não via problema nisso.
Até aquele dia.
Acordei no meio da noite. Olhei assustado, a lua estava vermelha no céu, e eu tinha garras. Eu estava virando um lobisomem. Aquilo que eu mais desprezava era o que me causava tamanha comoção pela noite, mas eu não tinha percebido.
Even a man who's pure(Nem sei que música é essa, retirei esse trecho daqui, mas não conheço a banda ou a música)
And says his prayers by night
(He won't hear your prayers)
Man become a wolf
When the wolf bane blooms,
And the autumn moon is bright
(There's a full moon tonight)
Man may become a wolf.
O esco e o susto e o medo e o desprezo por sí próprio foi tão grande que comí prata. A dor foi absurda, caí num sono/torpor, acordei no outro dia, e a vontade pela noite tinha passado. Mas o estrago já tinha sido feito, e eu tinha vergonha de sair sob o sol.
Voltar a levar a vida depois de um choque desses é difícil. Quando penso na noite, fico com medo do que pode ser, por mais que eu não sinta mais nada e acredite que a fera se foi, não posso garantir que a prata foi suficiente.
Mas não posso continuar dormindo cedo, quem dorme cedo é criança. E eu continuo agindo como criança. E sei que ainda vou ter que dormir tarde, e não quero dar showzinho de criança com sono.
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