-----terça-feira, dezembro 10, 2002 | 0
Essa poesia já é mais velha, já foi publicada aqui, mas se encaixa bem entre as últimas, além de ser uma das que eu mais gosto...
O fim do mundo
Que mundo é este,
o qual considero como meu?
Entre o Norte, Sul, Leste e Oeste,
e que tu também achas que és teu?
Onde tudo é confuso,
de estranhos modos;
onde um parafuso
falta em todos?
Onde um pedaço de papel
pode mandar,
comprar o céu,
e escravizar
pessoas que só querem
ter um lar
e se alimentar?
Onde o tempo
não é mais infinito;
ter relógio
é bonito;
e temos de correr
para tudo fazer?
Onde o dito ser mais inteligente
mata e destrói
gente como agente,
sem motivo,
só para que a dor aumente?
Onde as pessoas
são vistas pelo que têm;
e que quanto mais coisas
menos intimidades se vêem?
Onde o convívio social
foi trocado por caixas
com imagens de efeito moral
substituindo as conversas informais
entre amigos reais,
que quase não existem mais?
Onde o homem
perde lugar para suas invenções,
enquanto outros moram
fora de suas construções?
Onde o amor sumiu?
Onde o sabor do beijo desapareceu?
Onde a ordem é ficar,
pelo MOMENTÂNEO bem estar?
Onde o gostar
tem mais a ver
com o desejar,
o ter
e o estar;
do que com
o amar,
o ser,
o admirar
e o bem querer?
Que mundo é este?
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