-----segunda-feira, maio 05, 2003 | 0
Mais uma, mesmo estilo, fiz na viagem, acho que não postei ainda:
E na chuva, negra,
choram os anjos,
tristes com o mundo
e cheios de vontade e esperança,
e suas lágrimas caem
sobre a terra dilacerada,
o verde desmatado,
o cinza-escuro do granito
que reveste o solo e nossa vida.
E, das gotas, salgadas,
brotam árvores da terra,
flores brilhantes do verde,
cores do monótono cinza.
Mas com a chuva caem também
respingos do veneno das cobras
da imobilidade, do egoísmo,
que matam os animais e plantas,
ferem o espírito das pessoas,
desbotam as cores da vida.
E há mais veneno que lágrimas,
mais egoísmo que esperança.
E o feito se acaba pelo desfeito.
E a vida pela morte,
a cor pelo vazio.
E logo não existirão anjos a chorar.
E logo não existirão cobras a envenenar.
E logo não existirão.
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