Quero neste post filosófico maluco levantar, com o uso de exemplos, a questão de como o respeito ao próximo pode ser afetado pelas liberdades individuais, de forma a pensar sobre o assunto.
Comecei a pensar neste post ao ver uma reportagem sobre a parada gay. Quero deixar claro que não tenho preconceitos, a orientação sexual de cada um é algo que interessa só a ele e seu parceiro. Não só isso, mas toda pessoa tem o direito de expressar carinho com a pessoa amada em público, independente do sexo dos envolvidos (e claro, não ultrapassando os limites do pudor). O que eu não entendo, e quero questionar aqui, é o porquê dos drag-queens se vestirem como se vestem. O que alguém pode ganhar vestindo-se daquele modo? Não é um certo exageiro do uso da sua liberdade individual, e que ignora o respeito aos costumes de quem pode estar por perto?
Para fortalecer que não se trata de preconceito: digo o mesmo de certos RPGistas. Eu sou um RPGista, já fui fantasiado para um encontro de RPG (video), mas não suporto quando certos RPGistas exageram nas suas fantasias, principalmente quando andam fantasiados pelas ruas, no caminho do evento. Exemplo: Se você é ou não religioso, problema seu. Se acha que a Igreja é maligna ou não, problema seu. Mas vestir-se de freira sadomasoquista é um exageiro do uso da liberdade individual, desrespeitando as crenças de quem está ao seu redor.
Ninguém é obrigado a seguir as leis e os costumes das outras pessoas; existem tantos costumes que ficariamos engessados sem poder fazer nada. Um pouco de desrespeito às tradições pode até ser algo necessário como bem diz o Sahba em seu blog. Mas o puro e simples desrespeito pelos costumes de outrem, não para fazer pensar, mas só para aparecer, é algo errado.
Um ponto que não pode ficar de fora numa discussão sobre liberdade (de expressão, no caso), é a programação da TV. Censura é sim algo terrível, a TV TEM que ter total liberdade de transmitir todo e qualquer assunto. Mas também tem que ter respeito pelos seus espectadores. O conteúdo da maior parte dos programas atuais é de um nível extremamente baixo; afinal é fato que sexo faz sucesso. Se dois programas são idênticos, mas um deles tem mulheres de pouca roupa, é grande a chance que este tenha mais ibope que o outro. O respeito pelo espectador foi jogado de lado pela briga da audiência. Não é só porquê você pode fazer um programa com pessoas sendo ridicularizadas ao vivo que você deve fazê-lo.
Isto fica ainda agravado para quem tem filhos. Sempre joga-se a culpa do que a criança vai ver ou não na TV no colo dos pais, são os pais que devem controlar o que seus filhos vêem na TV. Apesar de isto ter lá sua parte de verdade, principalmente no que se refere a TVs por assinatura, que em geral tem canais temáticos e de fácil controle, é uma total hipocrisia na TV aberta. Primeiro que, devido às programações mistas de cada canal, os pais teriam que decorar a grade (volátil) de cada emissora, para bloquear uns programas e permitir outros. Segundo que, ainda que os pais consigam controlar o que os filhos vão ver na sua própria casa, é muito difícil controlar o que eles vão ver quando estão sozinhos, na escola ou em outros lugares.
Isto fica ainda mais engraçado quando lembramos das proibições da venda de determinados jogos aqui no Brasil. Um jogo de computador/videogame é algo bem simples de se controlar: Como devem ser comprados, basta o pai analisar bem a caixa do jogo antes de dar a seu filho, e pronto. Já o que passa na TV vai sem controle para todas as casas e aparelhos, e por vezes possui conteúdo de qualidade pior que os jogos proibidos. Vai entender.
Um último exemplo que quero levantar é o relativo a ideais políticos. Cada um tem total liberdade de ter seu posicionamento político, e de expressar o que pensa. Já impôr a sua opinião (que você é obviamente superior a opinião dos outros) sobre outras pessoas é um tremendo desrespeito. Você quer fazer uma manifestação, então faça. E arque com as conseqüências. E não obrigue quem não quer participar. Barricada de cadeiras para impedir aqueles que eles dizem representar de estudar é o cúmulo da imbecilidade.
Só como pensamento final: Se alguém, *sem motivo algum*, fala de sua mãe com palavras desrespeitosas, você aceitaria a desculpa que ele só disse aquilo em virtude da liberdade de expressão?