-----segunda-feira, setembro 22, 2003 | 0
Bem, isso realmente aconteceu comigo hoje. Pode parecer meio estranho, hum, como dizer... meio "meigo" demais... rs... mas aconteceu mesmo...
Trânsito. Dor de cabeça. Ficar em pé um tempão. Ônibus cheio. Tudo para uma volta pra casa desagradável.
Pessoas conversavam sobre a vida, liam, dormiam... Sorte dos que puderam ir sentados.
Tantos rostos na multidão...
Aquela bela loira, olhos claros, traços distintos. Já conheci alguém com tais traços, incrível a semelhança... Outra senhora discutia sobre sua pós-graduação, sobre os professores e - claro - sobre a vida alheia. Sentada, uma outra menina lia com atenção uma peça de teatro, cujas folhas estavam na mais completa desordem, umas xerocadas, umas copiadas a mão.
Só olhando as pessoas para passar tanto tempo num ônibus.
Chegando à estação de metrô, saio no caminho que repito sempre, entrando na estação e aguardando o próximo trem (ops, só mais 1 passe, preciso comprar mais).
Em meu canto novamente passo a olhar as pessoas ao redor. Gosto de ver pessoas. Seus rostos (tão diferentes entre sí, mas quase sempre nos lembram de alguém conhecido), seus olhos.
Tantos rostos na multidão...
E quem diria que aquele casalzinho animaria meu fim de dia.
Entraram como todo mundo, ficaram no seu canto.
Ele encostado na porta, ela de frente pra ele, segurando as pastas e apostilas de colégio. Logo que entraram chamou-me a atenção, o modo como ela arrumava o cabelo. Tinha algo aí.
Fiquei curioso, e continuei olhando para o casalzinho de jovens. Imóveis, frente a frente, com uma certa distância. Ela arrumando o cabelo, ele revezando olhares profundos ao rosto e nos olhos dela, e depois disfarçando, envergonhado.
Que bonitinho, um casal apaixonado!
A distância entre eles foi diminuindo, ela teve que se apoiar na porta devido aos balanços do metrô. Os olhares dele não se mantinham longe da boca dela, enquanto que ela olhava para o lado, envergonhada. As vezes se olhavam de frente, trocavam uma risadinha, e viravam o rosto.
Pensava em delicadamente esbarrar nela para que caísse sobre ele (nada como um empurrãozinho numa situação dessas), mas não precisei. Saindo da próxima estação, depois de saírem do lugar para deixar as pessoas passarem, voltaram a suas posições, mas muito próximos um do outro. Hum... Não demorou muito quando ele aproximou o rosto e beijou-a. Sim, eu ví o primeiro beijo daquele casal apaixonado!! Um beijo curto, envergonhado, mas o primeiro beijo.
A vergonha bateu alta, ela não conseguia olhar mais para ele, apesar de ter ficado tão evidente que tinha gostado. Aproximaram-se mais, ele dizendo palavras ao ouvido dela.
Na próxima estação descí, para fazer baldeação. Eles vieram junto. Subindo a escada reparei que agora estavam de mãos dadas.
Levados pela multidão que faz baldeação (quem já desceu na Sé sabe como é), acabamos por entrar no mesmo vagão, novamente, mas afastados. Só pude ver como estavam mais a vontade agora, depois daquele primeiro momento posterior ao primeiro beijo. E finalmente se beijaram novamente.
Não ví mais muita coisa, estavam longe, e descí em seguida. Mas, não sei porque, eu, que nunca gostei muito de ver casais (que pessoa solitária gosta?), me sentí bem depois de presenciar isso. O modo como se olhavam... De certa forma me ví alí, sabia precisamente o que ele pensava enquanto a olhava daquele jeito, procurando sua boca, seu rosto, seus olhos, e as risadinhas quando os olhares se cruzavam. E quase cheguei para eles dizendo "boa sorte!". Eu, pelo menos, preciso...
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