-----sexta-feira, agosto 16, 2002 | 0
Sozinho, sem motivo.
Certo dia, num dia qualquer,
estava eu mais uma vez na floresta, a tocar.
Entoava melodias doces que aquietavam qualquer ser,
mas fui interrompido pela chegada de uma camponesa, a cantar.
Sua voz, canto divino dos pássaros do Olimpo, encantou-me,
mas logo esqueci sua voz, perdido tinha a audição.
Só tinha olhos, para vê-la, como ilusão,
não acreditava no que els mostravam-me.
A mais bela ninfa, tive a sorte de encontrar.
Como pura semidéia, chegaste a meu profundo lar.
O tempo passou, e eu ia sempre à floresta, não para tocar,
mas para ouvir aquele ser perfeito cantar.
Tão encantado fiquei que até os dias esqueci de contar.
E o tempo passou, só a ouvia e só a via,
de tão encantado, e, é claro, de tão envergonhado, nada dizia ou fazia.
Mas o tempo, carrasco insensível,
trouxe o pior dia, lamentável.
Uma notícia espalhou-se:
a doce ninfa não mais cantaria.
Todo o meu ser abalou-se,
pensei que nunca mais a veria.
Mas o tempo, torturador infindável,
trouxe o dia mais especial e inimaginável.
Uma festa aquela bela e pura semidéia iria dar.
Passou dias, indo à casa de todos, para os convidar.
Chamou-me, é claro, assim como todos da floresta.
Pensei, comigo, esta é a chance que me resta.
Mas, ao refletir, não tive coragem.
Como iria eu comportar-me frente a tamanha miragem?
Então, da única chance que tive de declarar o que sentí,
fugí, como um covarde.
A distância foi minha desculpa, disse não saber onde era o lugar.
Mas a distância que nos separava era apenas a distância que eu criara.
A distância do Sol à Lua, da mais alta montanha ao mais profundo mar.
A distância entre aquela ninfa e eu, mortal, me matara.
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